sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Tensões da vida


Uma tarde de sexta-feira, a temperatura estava escaldante por volta de uns 38° graus Celsius. No escritório no centro da cidade de Campinas o gerente, Alberto Roberto estava em sua sala cúbica, com a mesa lotada de formulários pra preencher e contava os segundos no relógio da parede. Aguardando molhado de suor e com a cabeça fervendo o fim do seu expediente que acabaria exatamente às 7 horas. Nada mais libertador para ele seria do que tirar a incomodante gravata do pescoço, os sapatos apertados e tomar uma bela ducha gelada. Entretanto algo aconteceu... O telefone tocou.

Tamanha raiva sentiu o gerente de contas, vendo-se sozinho na empresa em sua sala abafada, restando apenas 5 minutos para que pudesse fechar a empresa e finalmente relaxar. Naquele instante pensou “Como posso ser tão azarado? Por que tenho de atender ao telefone agora sendo que meus companheiros de serviço já estão se divertindo no barzinho, fazendo um happy hour?”

Enquanto se remoia em pensamentos, o telefone continuava tocando. Alberto não queria atender, sua vontade era de jogá-lo pela janela. Foi então que começou a resmungar:
- Pode tocar! Não vou atender... Já atendi 30 telefonemas hoje e não agüento mais! Quem deve ser você? Mais um investidorzinho de merda... Querendo que eu monte uma planilha de preços?! Pode esquecer não vou pegar este telefone! Nem que eu tenha ganhado na Mega- Sena...

Até que após sete toques consecutivos, parou de tocar. 
-Talvez quem quisesse falar comigo tenha desistido... mas e se fosse alguém importante e deixei passar? E daí! sou o único que está aqui nessa merda de empresa até esse horário... tudo porque o Henrique e a Mara me forçaram a fechar hoje. Poxa e por quê hoje? E minha esposa nem me fez um telefonema, nem parece se preocupar comigo! Não estou nem ai! Vou embora agora me refrescar num banho gelado, pedir uma pizza e assistir um bom filme!
Alberto parecia revigorado novamente procurando se acalmar e se preparar pra sair. Ele só precisava das chaves. Estava tão preocupado que não se lembrava aonde tinha deixado-as. Começou num ato de desespero a revirar tudo, e novamente o telefone tocou... Foi a gota d’ água, queria sair e não podia, e se tudo fosse um sonho?
Até que ouviu uma voz...
- Roberto! Ei Roberto.
Assustado ele respondeu acordando:
- Ah! O que!
Era Mara saindo da sala, ele havia cochilado, e o telefone havia tocado várias vezes. Desesperado atendeu, era Sofia sua esposa. Perguntando que horas chegaria. Ele ainda abalado disse que logo, dando um suspiro de alívio. Saindo disparado atrás de Mara...
Moral da história:
Por mais que nossos desejos as vezes sejam de jogar tudo pro ar, nosso inconsciente nos orienta para fazermos a coisa certa, não passarmos por cima dos outros, confiarmos em quem amamos. No caso de Roberto ele estava tão arrasado com o dia que o sonho dele era de se livrar de tudo e todos. Entretanto a vida nos mostra que quanto mais brutalidade e agressividade, piores ficam as coisas e os problemas que pareciam simples tornam-se um karma.
Obrigado a todos, espero que tenham gostado da narrativa. E aguardem outras mais virão...

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